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O quê é Psicologia Moral?

O quê é Psicologia Moral?

O campo de estudo por excelência da Psicologia centra-se na compreensão e possibilidades de previsões dos comportamentos humanos.

Entretanto, a Psicologia não é formada por uma teoria única, mas por diversos ramos teóricos que assumem pressupostos nem sempre compatíveis entre si. A teoria das necessidades de Maslow, por exemplo, defende a tese de que cada pessoa pode passar por várias etapas na satisfação das necessidades inerentes à vida, iniciando com a necessidade por alimentos e prosseguindo até a necessidade de autorrealização. Entre os extremos situam-se as necessidades de segurança, sociais e autoestima e os comportamentos de cada pessoa são fortemente influenciados pela etapa predominante em dado momento de sua vida.

Já a teoria Freudiana, ou Psicanálise, defende que o comportamento humano pode ser decisivamente influenciado por conflitos psíquicos sobre os quais a pessoa não tem controle. Entre os fatores causadores desses conflitos encontram-se a necessidade de sobrevivência da espécie, de natureza sexual, e de sobrevivência pessoal, ou instinto de conservação.

O ponto em comum entre as teorias, e que se relacionam à moral e à ética, é a concordância que determinados tipos de comportamentos, como a crueldade, a perversão sexual e a agressão fortuita, representam formas dissonantes de comportamentos sociais e requerem medidas preventivas para evitar suas ocorrências, além de combatidas suas manifestações.

Normatividade dos comportamentos versus “Como me vejo?”

A base do desenvolvimento psicológico reside no estudo de comportamentos. Todas as teorias psicológicas partem dessa questão, embora as justificativas e desenvolvimentos seguintes possam ocasionar modelagens conflitantes (aliás, muitas teorias surgiram como reações à alguma teoria anterior julgada incompleta ou inadequada na explicação do comportamento humano).

Entretanto, um aspecto importante no estudo das teorias comportamentais merece destaque. A maioria, senão todas, partem de ângulo externo ao sujeito, focando-o a partir de seu referencial analítico, sem interrogar esse sujeito sobre suas percepções e significações subjetivas sobre o mundo. A teoria normativamente delimita o “normal” e o “desviante” ou comportamento antissocial. Mas o sujeito concreto, existencial, em nenhum momento é interrogado a respeito de como se sente, se vê a si mesmo como ator social importante, capaz de participar e influir nos fatos cotidianos e, assim, consciente e de forma responsiva, participar no processo de construção social.

A seguinte caracterização, atribuida ao filósofo grego da antiguidade Aristóteles, representa um modelo normativo do sujeito ético:

Ser ético situa-se além de práticas derivadas de costumes ou observação de normas legais. Supõe uma boa conduta em ações concordantes como valores sociais amplamente aceitos, a alegria pelos atos e a supressão de conflitos pela autoaprovação diante do bem feito”.

Coloca-se, então, a seguinte pergunta: você acredita que “os valores sociais amplamente aceitos” são observados em relação a você? ou, mais signficativo, você julga a si mesmo e acredita que seus concidadãos lhe julgam como ator social importante?

Independente de quais sejam suas respostas, o foco reside na nacessária reflexão sobre o papel que desempenhamos e podemos desempenhar na tarefa igualmente de todos de construção de uma sociedade justa e fraterna. A partir dessa reflexão, podemos autonomamente e de forma responsável, definirmos o sujeito ético.


As construções da Ética nas atividades humanas são convenções oriundas das necessidades da vida adaptada e em harmonia na sociedade. São regras a serem cumpridas como adequação do comportamento individual a um certo padrão característico de uma comunidade” (Ética e Psicologia). Mas, para que sejam efetivas, as construções éticas devem considerar os interesses de todos os membros da comunidade, independentes de posições na hierarquia social e das posses econômicas que cada pessoa possa apresentar.

Quando a realidade corrói a teoria

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O acontecido em abril de 2013 na Maratona de Boston, em que dois irmãos, Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev, executaram ato de violência com alto nível de letalidade, colocou em cheque as concepções americanas sobre a aceitação e adesão ao seu modo peculiar de viver e conceber o mundo.

Se até então o cidadão médio americano acreditava que os “inimigos da liberdade” viviam escondidos em cavernas no Afeganistão ou em países muçulmanos destruídos por conflitos intermináveis, como Síria e Iraque, repentinamente descobriu que pessoas aparentemente integradas na sua sociedade podem revelar visões divergentes sobre igualdade e justiça social de forma avassaladora.

Sob ponto de vista da Psicologia moral, o atentado na Maratona de Boston demonstra a necessidade de que o conhecimento não seja abortado apenas sob o ângulo de quem conhece, mas que sejam considerados os sentidos atribuídos aos fenômenos sociais por quem experencia.

Uma pessoa que subverte os parâmetros da vida dita “normal” dificilmente será compreendida por uma outra fortemente arraigada às normas que balizam a vida “normal”. Fisicamente os mundos são iguais, mas mentalmente completamente diferentes. E este, embora difícil de apreensão pela diversidade de possibilidades, está demonstrando-se um princípio que necessariamente deve ser considerado pela Psicologia moral.

Barbarie versus Harmonia Social

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O oposto do comportamento ético é a bárbarie, situação em que o egoísmo, a violência e ação baseada exclusivamente em vontades individuais conflitantes predominam.

O objetivo da Psicologia moral é procurar os fundamentos, decorrentes ou não de convenções, que tornem o respeito, a responsabilidade e a convivência social pacífica e harmônica objetivos de todos.

Em termos literários, é como plantar uma flor na psique humana e regá-la para que cresça, se desenvolva e libere seu perfume.